sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Canção de amigo

Tendo o autor no bem-querer
É difícil ler sua obra
E pensar literatura.

O amor de outrora dói
Pela injustiça de tal core
Ser jogado assim ao vento
Ser ferido assim no tempo
Ser magoado assim no chão.

Esse amor assim me sangra
Sendo tudo o que eu mais quero
Tendo medo de tal mágoa
De fechar seu coração.

De perder assim o bardo
Cujo amor é infinito
Cujo abraço é acalanto
Cuja companhia é sal
Sal, açúcar, vinho e trova.

A canção que escrevo ao amigo
Mostra assim a minha dor
E o medo de nem ser
A segunda mais querida
Do carinho desse homem.

Não tenciono ser primeira;
Essa dor e essa ferida
Levam tempo, levam choro
Pra que o mar da areia apague--
Tenho calma, e eu espero.

A chave do coração
Que no fundo lá se encontra
Será minha, serás minha!
Mesmo que me vente contra
Persevero e aqui espero.

Estando meu coração aberto
Não me necessita casa
Espero que a tua se abra
Enquanto isso, aqui tu pousas
Recostado em meu abraço
Tens a casa sempre aberta
Tens o meu sorriso pronto
Tens meu amor; e isso me basta.


Inverno. 2010.

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